7ª Festa Literária das Periferias terá Gilberto Gil, Liniker e Djamila Ribeiro

No fim do século 19, Maria Firmina dos Reis sagrou-se a primeira romancista brasileira. Nordestina, filha de escravos e órfã, ela nunca frequentou a universidade. A maranhense buscou a própria formação e publicou, em 1859, seu único livro, “Úrsula”, com críticas à escravidão.

Cem anos após a morte da mulher que também fundou a primeira escola pública para meninos e meninas e findou a vida pobre, cega e sem reconhecimento, a Festa Literária das Periferias a homenageia. O evento começou nessa terça, na Biblioteca-Parque do Centro, nos arredores da antiga Praça da Liberdade (Praça da República), evocando as vozes negras à escrita.

— Firmina é uma referência para todas as mulheres que escrevem, que produzem, e que têm que lutar por um reconhecimento, ainda que tardio — opina Djamila Ribeiro, que fará parte da Flup na mesa “Feminismos plurais”, na quinta-feira.

A Flup também homenageia Martinho da Vila, que em 2018 comemora 80 anos. Devagar, devagarinho, a celebração da data querida é levada para além de Vila Isabel e, até o domingo, estará no evento literário, que pela primeira vez não é realizado numa favela carioca.

— Isso se deve ao reconhecimento da centralidade do debate racial num país cuja população é majoritariamente negra — explica Julio Ludemir, um dos fundadores do projeto, ao lado de Ecio Salles.

Aos brasileiros, unem-se africanos e europeus em debates sobre possibilidades literárias e sobre movimentos que utilizem as letras pela resistência. Quem se junta ao coro é Gilberto Gil, numa mesa sobre a participação da música brasileira no diálogo com os desejos libertários da juventude:

— Eu vejo com os melhores olhos a participação do jovem nas conquistas sociais, na construção de uma vida mais sadia, com garantias de liberdade, justiça, igualdade. Tudo isso depende cada vez mais da capacidade de mobilização ampla da sociedade em todos os seus segmentos. A juventude tem um papel importantíssimo; e as ligadas às periferias ainda mais porque, enfim, estes são os espaços mais afetados pelas dificuldades da vida política, social e econômica. A mobilização dessas gentes é fundamental.

Saiba mais informações sobre a Flup aqui.

Fonte: Jornal Extra

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